Dentistas: sangue, saliva e anestesias.

Em conversa com a minha futura companheira de casa, que foi hoje arrancar o último siso que lhe restava, cheguei à conclusão que muita gente deve sofrer com o mesmo problema que ambas temos no dentista: Lingus Hiperactivus.

Não é que eu tenha medo de dentistas, não tenho. Mas quando temos de pedir à assistente que nos agarre no crânio enquanto o dentista puxa com as duas mãos pelo primeiro dos dois sisos que fomos arrancar, começamos a ter dúvidas. Dúvidas essas que aumentam quando, na segunda visita para arrancar os dois restantes, vemos passar 7 (sete, siete, sieben, sept, seven!) frasquinhos de anestesia que vão directamente para a gengiva porque o “sacana tem a raiz em gancho e não quer sair!”.

Traumas “sisais” à parte, em todos os procedimentos acontece o mesmo: sento-me na cadeira, abro a boca, o dentista calça as luvas e, ainda ele não tem as mãos nos objectos de tortura, já a minha língua está numa nervoseira tal que não pára quieta. É, por isso, muito frequente enfiar inadvertidamente a ponta da língua no tubinho que está destinado à sucção do sangue e saliva que nós produzimos, enquanto o dentista está ocupado a estraçallhar-nos a gengiva para chegar ao mais problemático dente da composição.

Ao que parece a amiga Simões, sofre do mesmo. E contava-me preocupada que tinha algum receio da proximidade entre a língua hiperactiva e as brocas e outros objectos cortantes que ali operam. Ao aconselhá-la a não olhar para as luvas ensanguentadas do Dentista, ela perguntou-me qual era então o meu ponto de focagem quando estava sentada na cadeira com as mãos do Sr. Dr. enfiadas na boca. Ora bem, eu olho para o tecto – é tão simples quanto isto – olho para o foco de luz que às vezes se aproxima perigosamente da nossa cara e olho para o tecto.

Eu até já sugeriu ao meu dentista colocarem uma televisão no tecto, mas acho que ele não me levou muito a sério.