quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cortar as unhas é um acto privado.

Por favor parem de o fazer em público. 

A primeira vez que me deparei com esta situação estava a passar numa rua do Bairro Alto: alguém estava confortavelmente sentado na sua estreita varanda a cortar vigorosamente as unhas dos pés. Apressei-me a atravessar a rua, não fosse eu levar com uma réstia da lâmina córnea que revestia a extremidade dorsal dos dedos dos pés daquela pessoa.

A segunda vez que este assunto me ocorreu foi quando alguém partilhou no Facebook que acabara de ver uma pessoa cortar as unhas no metro, pela segunda vez! Não percebo o que vai na cabeça destas pessoas. Não percebo. Assim como não percebo o à-vontade da bardajona que estava a cortar as unhas esta manhã no comboio que apanhei.

A minha primeira reacção foi de choque. A segunda foi de incredibilidade. A terceira foi de profunda repulsa. Tive uma vontade louca de me levantar e gritar-lhe aos ouvidos: “Mas você têm um sapo no lugar do cérebro, desconhece todo e qualquer sentido de civilização e etiqueta?” e depois também pensei em perguntar-lhe muito serenamente:  “Olhe, desculpe, a senhora veio directamente das cavernas?”. Optei apenas por ficar a olhar para ela com um ar de nojo que faria corar qualquer pessoa, mas a ela não. Ela continuou com aquele click-clack irritante impávida e serena. Vi até pessoas que iam sentar-se ao seu lado, desistirem do lugar e procurarem outro.

Ao partilhar o meu desespero com a B., recebo uma sms na qual ela me diz que apanhou alguém a fazer isto num táxi. Vou repetir: num t-á-x-i. O que é que se passa com estas pessoas? Será que os pais ensinaram a usar um corta-unhas e se esqueceram de lhes transmitir os valores mais básicos do social?

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