Vizinhos de cima

Eu e a M.  temos vizinhos novos. Já estão no andar de cima há uns tempos e a minha paciência já anda a ser testada desde então. Só agora me dou conta que o chão/tecto é extremamente permeável ao som.

Longe de mim "atirar pedras" em relação ao barulho, como boas moças que somos temos amigos e amigas cheios de gargalhadas e vozes fortes para entoar. 

Mas a mim parecia-me que estas pessoas andavam a montar e desmontar móveis do IKEA por hobby ao final de cada dia. Cadeiras a arrastar, martelar, coisas a cair. O tipo de som que - muitas vezes por sugestão - quase te faz sentir a estrutura do prédio a tremer. 

Na minha calma, eu estava a dar-lhe tempo para acabar mudanças, arrumar caixas, etc. Mas já lhes dei mais do que tempo. Ontem estava mesmo a adormecer quando cai qualquer coisa (pesada) no andar de cima. "Opah acabou-se a paciência!" pensei eu e já andava a pensar em deixar uma nota na porta. Mas tive uma "oportunidade diferente".

*Manhã-de-segunda-feira-dia-2-regresso-ao-trabalho-
e-à-vida-real-depois-da-passagem-de-ano*

Depois de já ter adiado o despertador 3 vezes, acordo em sobressalto com os saltos altos da vizinha a martelar no chão. Revirei-me na cama, tapei os ouvidos, pus a cabeça debaixo da almofada. 

Eis se não quando a ouço a bater com a porta e a começar a descer as escadas. (E aqui eu não estava a pensar, o meu corpo foi mais rápido do que o meu cérebro. ) Salto da cama e vou a correr abrir a porta de casa. Enquanto me debruço no corrimão digo:

- Bom dia, desculpe. 

Ela olha para cima:

- Bom dia...

- É só para avisar que as cadeiras a arrastar e os saltos altos ouvem-se mesmo muito cá em baixo, se pudesse ter um bocadinho mais cuidado, se faz favor.

Gostava de vos poder dar uma descrição da expressão da vizinha, mas estava sem óculos e ainda meia a dormir.

- Ah! ok ok.

Não sei se foi o facto de estar de pijama ou o cabelo-acabado-de-acordar-que-secou-na-almofada-e-se-embrulhou-ainda-mais-durante-o-sono que a fez ouvir. Vamos lá ver se resultou.